sábado, agosto 05, 2006
Da criação do Espetáculo!
Por Alissandra Rocha
Fumaça do café quente, uma televisão ligada de madrugada, olhos turvos numa dramaturgia recém nascida, fresca e pulsante. Um quebra-cabeça, pedaços fragmentados do cérebro do dramaturgo nas minhas mãos descuidadas. Que medo senti frente a possibilidade de combinar mal as peças desse enigma, chegar ao final do labirinto do texto e encontrar nada senão o início!
Sim, o início de tudo.
O início da dramaturgia. A criação no seu momento mais prematuro e frágil. Tudo, menos razão.Os atores embarcaram nesse devaneio do Louco, do Homem do Teatro, do Dramaturgo. Eis que juntos andamos de mãos dadas para não nos perdermos nesse emaranhado de influências e massa cinzenta. Passamos pelos clichês das histórias em quadrinho, e entre sinapses pegamos as estradas sombrias dos cenários e figuras dos filmes Noir. Um caminho difícil, mas grandes descobertas são feitas assim. Sememando um solo duro, com um coração firme e um cérebro em frangalhos!
E chegamos no ponto essencial da caminhada: o nervo ótico do criador! Olhamos com seus olhos pelas janelas de sua mente e vimos... Lá estava uma luz azul, brilhante. Uma Televisão, ligada de madrugada, sentimos a fumaça do café embaçando sua visão e voltamos ao início. Novamente.
Mas no final de tudo, as peças se encaixam e o que vemos é o dramaturgo em toda sua lucidez, no controle dos acontecimentos e seus presonagens nunca serão os mesmos.
Da Criação da Cena - de Claudio Rosa
Direção Alissandra Rocha
Estréia:
19 de Agosto de 2006
Sábados 19 horas , Domingos 18 horas
Teatro Julia Bergmann
alissandrarocha@gmail.com
quinta-feira, junho 01, 2006
Capitu - Luiz Tatit
Capitu
Luiz Tatit
De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil
E pronto!
Me conquista com seu dom
É esse o seu modo de ser ambíguo
Sábio, sábio
E todo encanto
Canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar
Com jeitinho alcança tudo...
tudo... TUDO!
...
...
É só se entregar, é não resistir, é CAPITULAR
Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
CCCCCCaaaaaapppppppiiiiittttttuuuuuuu
No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Capitu
Luiz Tatit
De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil
E pronto!
Me conquista com seu dom
De outro esse seu site petulante
WWW
Ponto
Poderosa ponto com
É esse o seu modo de ser ambíguo
Sábio, sábio
E todo encanto
Canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar
Um método de agir que é tão astutoVocê é virtualmente amada...
(amante)Você real é ainda mais...
(tocante)Não há quem não se...
(encante)
tudo... TUDO!
...
...
É só se entregar, é não resistir, é CAPITULAR
Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
CCCCCCaaaaaapppppppiiiiittttttuuuuuuu
No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Um passo para o vício, o vício
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar
Capitu
Feminino com arte
A traição atraente
Um capítulo à parte
Quase vírus ardente
Imperando no site
Capitu
terça-feira, maio 23, 2006
O Guardião do Vulcão
"Detiknews Informa:
A interrupção da atividade do vulcão Merapi fez hoje centenas de habitantes da região voltarem para suas casas, a poucos quilômetros da cratera (...) Algumas famílias subiram as encostas para trabalhar na agricultura.
A população local venera a montanha. Várias pessoas desde quarta-feira fazem uma oração coletiva liderada por Mbah Marijan, considerado o guardião do Merapi, em Sri Manganti, um dos lugares sagrados do vulcão, a apenas três quilômetros do topo. Todas as tentativas da Polícia de convencer Marijan a abandonar o Merapi foram inúteis."
Ficou e ainda está.
Não alimentado as vacas como a senhora da história anterior.
Este é Mbah Marijan, o Guardião Espiritual da Montanha de Fogo.
Ele não questiona o destino de estar e ficar. E se for para morrer, que seja aos pés da Montanha e que seu espirito se junte ao da Montanha.
terça-feira, maio 16, 2006
Ficar e Alimentar as Vacas
Atentem para a notícia:
Por Tomi Soetjipto - 16 de Maio de 2006
MONTE MERAPI, Indonésia (Reuters) -
Rios de lava escorriam pelas laterais do místico Monte Merapi nesta terça-feira, mas as nuvens de gás quente no topo da montanha estavam bem menores do que no dia anterior.
No sopé da montanha, considerada sagrada por alguns moradores da Indonésia, milhares de pessoas continuam fazendo tarefas de rotina, como ordenhar e alimentar vacas, apesar das advertências das autoridades sobre o perigo de uma grande erupção em breve.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono, em visita à área ameaçada, exortou as autoridades a manterem os esforços para tirar as pessoas da região em perigo.
Especialistas em vulcões disseram que o Merapi está em sua fase final antes da erupção e temem que a cobertura de lava no topo se rompa e provoque mais nuvens de cinzas, gás e lava. Durante sua última erupção, em 1994, a maioria das 70 mortes foi causada pela queda de cinza quente e de outros materiais depois do colapso da cobertura de lava. Quando isso vai acontecer, e se vai acontecer dessa vez, não é possível prever.
Em 1994, as nuvens atingiram 6 quilômetros antes de uma chuva de material letal. O vulcão matou 1.300 pessoas em 1930.
O alerta na região do vulcão foi elevado para o nível máximo no sábado, conhecido como código vermelho, e Yudhono disse que 16.000 pessoas foram retiradas da região. Mas muita gente reluta em abandonar as casas e as propriedades.
"Hoje só tem uma nuvem pequena, então está tudo bem. Não estou com medo", disse Lestari, de 36 anos, ao surgir de dentro de uma área proibida com uma foice na mão. Ela disse que tinha levantado às quatro da manhã para cortar capim para alimentar suas vacas.
O que faz uma pessoa acreditar que poderá desafiar uma montanha em chamas?
Que fé é essa?
Ou melhor Fé em Que?
Por Tomi Soetjipto - 16 de Maio de 2006
MONTE MERAPI, Indonésia (Reuters) -
Rios de lava escorriam pelas laterais do místico Monte Merapi nesta terça-feira, mas as nuvens de gás quente no topo da montanha estavam bem menores do que no dia anterior.
No sopé da montanha, considerada sagrada por alguns moradores da Indonésia, milhares de pessoas continuam fazendo tarefas de rotina, como ordenhar e alimentar vacas, apesar das advertências das autoridades sobre o perigo de uma grande erupção em breve.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono, em visita à área ameaçada, exortou as autoridades a manterem os esforços para tirar as pessoas da região em perigo.
Especialistas em vulcões disseram que o Merapi está em sua fase final antes da erupção e temem que a cobertura de lava no topo se rompa e provoque mais nuvens de cinzas, gás e lava. Durante sua última erupção, em 1994, a maioria das 70 mortes foi causada pela queda de cinza quente e de outros materiais depois do colapso da cobertura de lava. Quando isso vai acontecer, e se vai acontecer dessa vez, não é possível prever.
Em 1994, as nuvens atingiram 6 quilômetros antes de uma chuva de material letal. O vulcão matou 1.300 pessoas em 1930.
O alerta na região do vulcão foi elevado para o nível máximo no sábado, conhecido como código vermelho, e Yudhono disse que 16.000 pessoas foram retiradas da região. Mas muita gente reluta em abandonar as casas e as propriedades.
"Hoje só tem uma nuvem pequena, então está tudo bem. Não estou com medo", disse Lestari, de 36 anos, ao surgir de dentro de uma área proibida com uma foice na mão. Ela disse que tinha levantado às quatro da manhã para cortar capim para alimentar suas vacas.
O que faz uma pessoa acreditar que poderá desafiar uma montanha em chamas?
Que fé é essa?
Ou melhor Fé em Que?
terça-feira, maio 09, 2006
Só( , )no fim.
Fogo no Setor 5.
Nesse instante ele pensou "que bom não ter família", assim poderia correr para qualquer lado sem pensar que teria de carregar alguns com ele.
Correu.
Setor 6, Setor 7, Setor 8, Setor 9 onde ficava a biblioteca, e pensou em levar alguns volumes consigo. Gastou uns 10 minutos para pensar o que levaria, mais uns 10 para pegá-los e mais uma eternidade para tentar encaixá-los, todos, em algum orifício da sua roupa. Deixou tudo de lado quando sentiu a onda de calor entrando. Tão inteligente, na verdade um gênio, considerado prodígio por todos na escola e família, não conseguia nem escapar de um incêndio... Mas foi inteligente o suficiente para perceber que os Setores haviam acabado, só existia a saída e não sobreviveria. Estava a frente de todos, chegou lá antes, em todos os sentidos. Ajudou a construir muitas das conexões e caminhos daquele lugar. Criou dezenas de sistemas de proteção, prevenção, privação.... e um a um, viu todos falharem e se desligarem conforme o fogo ia se alastrando, mas o mais importante é que ele chegou lá antes de muitos.
O resto das pessoas já estavam cruzando o penúltimo setor. Ele ouviu os gritos, o choro das crianças, os pais pedindo ajuda para saírem com suas famílias e bichos e plantas e roupas e TVs e computadores. E nesse momento ele reforçou seu pensamento de que não carregava nada nem ninguém por opção, e que seria mais fácil sobreviver se estivesse sozinho tendo que alimentar a si próprio, com as mão livres para se agarrar onde fosse necessário, embora soubesse que não teria mais nenhum lugar para se agarrar, e mais do que tudo não teria que explicar a ninguém porquê o fim chegou. E realmente chegou. Ou ficava prostrado diante das chamas ou encarava a vastidão do espaço.
Não queria morrer como os outros, ele não era como os outros. Vestiu o traje e se lançou no espaço. Esse não seria um passeio de reparos na parte externa da estação, seria um exílio. A última visão tinha que ser essa, sua criação, a Estação. E ia ficar olhando para ela até acabar, até fechar os olhos, não piscava com medo de não abri-los mais. Tinha ainda algumas horas de oxigênio mais ou menos três horas de vida. É confortante saber quando você vai morrer, ele pensou. As dúvidas acabam, o medo de algo acontecer acaba, tudo tem hora para acabar, sem sobrevida e a partir daí as coisas fazem mais sentido, são mais objetivas.
Dalí, do vácuo, não deveria se ouvir mais nada, nem gritos, nem choro, nem o fogo crepitando, mas seu coração batia tão forte e alto que não dava para ignorar, nenhum vácuo poderia abafar o som, e como se por magia ou erro humano na teoria de propagação de som no vácuo, os sons foram chegando. Uma criança assustada perguntando o que estava acontecendo; uma senhora falando que Deus salvaria a todos, um coro em prece, um homem que não largava sua televisão na hora do noticiário, uma voz dizendo eu te amo e adeus... Adeus para ela também.
E o arrependimento chegou, gostaria de estar segurando a mão dela agora, gostaria de olhar fundo nos olhos escuros dela, olhos que nunca conseguiu entender. Agora entendia, olhos de quem nunca teve seu amor retribuído. Ele nunca retribuiu tanto afeto dado por ela.
E não daria mais tempo.
Como é insuportável saber que se vai morrer. Ter uma grande descoberta, daquelas que revolucionariam o modo de vida, e não poder dar a devida importância. Não faz sentido se preocupar com algo que não fará mudar sua atual situação. Tudo irá acabar sem solução, sem palavras de amor.
Viu à distância a Estação Espacial se desmantelar e seus pedaços sendo pulverizados no espaço. Nada existiu na verdade. Não há mais o conceito, não há mais o desenho original, não há vestígios de vida. Nada a se fazer. Não há ar, e nem fogo dentro dele. Os olhos permanecem abertos e fixos. Imóveis e turvos.
Viveu-se o período de uma vida, nada mais.
Nesse instante ele pensou "que bom não ter família", assim poderia correr para qualquer lado sem pensar que teria de carregar alguns com ele.
Correu.
Setor 6, Setor 7, Setor 8, Setor 9 onde ficava a biblioteca, e pensou em levar alguns volumes consigo. Gastou uns 10 minutos para pensar o que levaria, mais uns 10 para pegá-los e mais uma eternidade para tentar encaixá-los, todos, em algum orifício da sua roupa. Deixou tudo de lado quando sentiu a onda de calor entrando. Tão inteligente, na verdade um gênio, considerado prodígio por todos na escola e família, não conseguia nem escapar de um incêndio... Mas foi inteligente o suficiente para perceber que os Setores haviam acabado, só existia a saída e não sobreviveria. Estava a frente de todos, chegou lá antes, em todos os sentidos. Ajudou a construir muitas das conexões e caminhos daquele lugar. Criou dezenas de sistemas de proteção, prevenção, privação.... e um a um, viu todos falharem e se desligarem conforme o fogo ia se alastrando, mas o mais importante é que ele chegou lá antes de muitos.
O resto das pessoas já estavam cruzando o penúltimo setor. Ele ouviu os gritos, o choro das crianças, os pais pedindo ajuda para saírem com suas famílias e bichos e plantas e roupas e TVs e computadores. E nesse momento ele reforçou seu pensamento de que não carregava nada nem ninguém por opção, e que seria mais fácil sobreviver se estivesse sozinho tendo que alimentar a si próprio, com as mão livres para se agarrar onde fosse necessário, embora soubesse que não teria mais nenhum lugar para se agarrar, e mais do que tudo não teria que explicar a ninguém porquê o fim chegou. E realmente chegou. Ou ficava prostrado diante das chamas ou encarava a vastidão do espaço.
Não queria morrer como os outros, ele não era como os outros. Vestiu o traje e se lançou no espaço. Esse não seria um passeio de reparos na parte externa da estação, seria um exílio. A última visão tinha que ser essa, sua criação, a Estação. E ia ficar olhando para ela até acabar, até fechar os olhos, não piscava com medo de não abri-los mais. Tinha ainda algumas horas de oxigênio mais ou menos três horas de vida. É confortante saber quando você vai morrer, ele pensou. As dúvidas acabam, o medo de algo acontecer acaba, tudo tem hora para acabar, sem sobrevida e a partir daí as coisas fazem mais sentido, são mais objetivas.
Dalí, do vácuo, não deveria se ouvir mais nada, nem gritos, nem choro, nem o fogo crepitando, mas seu coração batia tão forte e alto que não dava para ignorar, nenhum vácuo poderia abafar o som, e como se por magia ou erro humano na teoria de propagação de som no vácuo, os sons foram chegando. Uma criança assustada perguntando o que estava acontecendo; uma senhora falando que Deus salvaria a todos, um coro em prece, um homem que não largava sua televisão na hora do noticiário, uma voz dizendo eu te amo e adeus... Adeus para ela também.
E o arrependimento chegou, gostaria de estar segurando a mão dela agora, gostaria de olhar fundo nos olhos escuros dela, olhos que nunca conseguiu entender. Agora entendia, olhos de quem nunca teve seu amor retribuído. Ele nunca retribuiu tanto afeto dado por ela.
E não daria mais tempo.
Como é insuportável saber que se vai morrer. Ter uma grande descoberta, daquelas que revolucionariam o modo de vida, e não poder dar a devida importância. Não faz sentido se preocupar com algo que não fará mudar sua atual situação. Tudo irá acabar sem solução, sem palavras de amor.
Viu à distância a Estação Espacial se desmantelar e seus pedaços sendo pulverizados no espaço. Nada existiu na verdade. Não há mais o conceito, não há mais o desenho original, não há vestígios de vida. Nada a se fazer. Não há ar, e nem fogo dentro dele. Os olhos permanecem abertos e fixos. Imóveis e turvos.
Viveu-se o período de uma vida, nada mais.
sexta-feira, maio 05, 2006
1984 - George Orwell
Acabei!
Li!
É muito pra mim!
A dor é mais do que eu previ. A impotência, a falta de perspectiva é o que eu sinto mais medo.
E sem perceber, me entreguei à fatalidade, ao destino imutável, é disso que quero falar. Mas agora não, tenho medo da conclusão:
" Um suicída se atira de uma ponte e percebe que está realmente caindo. Após o primeiro metro de queda diz: Até aqui tudo bem!. E vai caindo. Passou o segundo metro de queda e diz: Até aqui tudo bem! Passados o terceiro, o quarto, o quinto metro de queda diz: Até aqui tuuuuudo bem! Após dez metros de queda, diz: Até aqui tudo bem! Quase chegando ao final do percurso ele percebe: O problema não é a queda, é a aterrissagem!"
sexta-feira, abril 28, 2006
Falta mais alguma coisa?
Você me disse que nunca tinha visto o Mar. Então criei jangadas certas pra caber nós dois e te levei pra ver as águas mais cristalinas que um dia sonhou em ver.
Você me disse que nunca tinha dormindo sob as estrelas. Por isso quebrei o teto da nossa casa para juntos podermos contar todos os pontinhos brilhantes que quisessemos.
Você me disse que nunca tinha escutado um pássaro cantar. Eu fui lá onde os pássaros são felizes, organizei um a um e te fiz uma doce serenata de assobios angelicais.
Você me disse que nunca tinha provado o gosto delicado do mel. Eu não me importei de ir roubar o tesouro que animais tão ariscos guardam como se fossem suas próprias vidas.
Você me disse que nunca tinha visto lágrimas no meu rosto. Me entristeci, me magoei, doeu, me torturei e por fim, sorrindo, te dei as lágrimas mais verdadeiras e amargas que pude produzir.
Ontem você me disse que nunca me viu sangrar. E agora eu mostro meus pulsos abertos, vertendo meu líquido mais precioso e que você nunca havia visto antes. Então olhe, chegue perto, não faça essa cara de espanto. Não era isso que você queria no final das contas?
Você me disse que nunca tinha dormindo sob as estrelas. Por isso quebrei o teto da nossa casa para juntos podermos contar todos os pontinhos brilhantes que quisessemos.
Você me disse que nunca tinha escutado um pássaro cantar. Eu fui lá onde os pássaros são felizes, organizei um a um e te fiz uma doce serenata de assobios angelicais.
Você me disse que nunca tinha provado o gosto delicado do mel. Eu não me importei de ir roubar o tesouro que animais tão ariscos guardam como se fossem suas próprias vidas.
Você me disse que nunca tinha visto lágrimas no meu rosto. Me entristeci, me magoei, doeu, me torturei e por fim, sorrindo, te dei as lágrimas mais verdadeiras e amargas que pude produzir.
Ontem você me disse que nunca me viu sangrar. E agora eu mostro meus pulsos abertos, vertendo meu líquido mais precioso e que você nunca havia visto antes. Então olhe, chegue perto, não faça essa cara de espanto. Não era isso que você queria no final das contas?
De quem não se tem
Eu queria
Eu juro que eu queria
de um querer que dói
E choro a perda
Por nada ganho
Eu sabia
E jurei que não sabia
de um saber que cega
Negação de tudo que eu vi
Por nada vivido
Sem tirar o corpo fora
Fora todo o copo entornado
Eu já sabia
Era o meu leite estancado
num corpo adormecido
Era o seu sangue fervendo
no último copo da noite
Dói e cega
Jurei que eu não sabia
Mas eu quero
Eu juro que eu quero
Eu juro que eu queria
de um querer que dói
E choro a perda
Por nada ganho
Eu sabia
E jurei que não sabia
de um saber que cega
Negação de tudo que eu vi
Por nada vivido
Sem tirar o corpo fora
Fora todo o copo entornado
Eu já sabia
Era o meu leite estancado
num corpo adormecido
Era o seu sangue fervendo
no último copo da noite
Dói e cega
Jurei que eu não sabia
Mas eu quero
Eu juro que eu quero
quarta-feira, abril 26, 2006
MANTRA
Ultimamente quando a última mente pára, eu me sirvo dos mais lindos pensamentos de outros seres. Não posso dar vazão ao vazio dos meus devaneios que me levariam mas longe do que eu posso suportar.
No exato lugar, velho e tão conhecido lugar onde eu me encontro, me perco de todos os olhares atenciosos e desatenta, desato os laços reais e sonho com o dia em que as palavras desse mantra me tragam a paz.
No exato lugar, velho e tão conhecido lugar onde eu me encontro, me perco de todos os olhares atenciosos e desatenta, desato os laços reais e sonho com o dia em que as palavras desse mantra me tragam a paz.
"Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração...
Acordará
Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência...
Adormecerá
E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar, no mesmo quintal
Da alma ao corpo material
Quando não se têm mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for...
Livre do temor
Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá...
Para dar amor
Amor dará e receberá
Do ar, pulmão; da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão do tempo espiral
Amor dará e receberá
Do braço, mão; da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte o seu guia natal
Adeus dor"
quinta-feira, abril 13, 2006
Tudo de novo, de novo?
Novamente, já deu o que tinha que dar pra mim. Um ano eu aguentei, um ano! Agora chega. Vou fazer todo o caminho inverso do que eu fiz até agora. Me perdi na floresta e andei em círculos. Já passei por essas árvores um milhão de vezes. Atravessei esse rio uma centena... Ou eu acho o caminho pra seguir ou ...
Vou tentar de novo, mais um ano apenas. E isso é tudo pra mim.
Vou tentar de novo, mais um ano apenas. E isso é tudo pra mim.
terça-feira, abril 11, 2006
Volte 3 casas.
É! Tá bem difícil assim. Acho que eu não entendi direito a regra desse jogo. Estou sendo descaradamente roubada e desconheço quem está fazendo isso.
Joguei os dados e sabia que tinha andar 7 casas, e andei, uma, duas, três, quatro... mas de repente olhei para os dados e tinha que andar 79 casas????? Continuei. ... cinco, seis, sete, oito... a recompensa no final deve valer a pena... nove, dez, onze...
Cara, estou completamente sem fôlego, achei que podia fazer esse caminho sem chiar, mas meu peito está em frangalhos, chiando feito gato engasgado.
Estou continuando, doze, treze, catorze, quinze... Me lembrei que há 15 dias prometi uma coisa pra mim mesma: " Nunca mais deixar sujeira acumular em casa!" Hahaha! Posso contar mais de 15 coisas fora do lugar. Mas também, com tanta casa pra caminhar... é inútil arrumar uma casa que eu já vou abandonar, tenho muitas casas pela frente. Mas a recompensa é...
Agora eu estou parada, olhando, desconfiada, para os dados que eu mesma lancei. Alguém mexeu, alguém trapaceou... ou eu não percebi o número certo de princípio? Se eu soubesse que era tanto assim talvez eu nem teria... NÃO! Não é isso. Eu vou andar 79 casas para chegar no final.
Parei em qual mesmo??? Que casa é essa? Não é minha, será que no final eu ganho a casa que eu chegar? Nenhuma dessas casas que eu caminho, que eu ajeito, que eu arrumo e desarrumo é minha.
Eu vou continuar, mas hoje eu não entendo as regras desse jogo.
Joguei os dados e sabia que tinha andar 7 casas, e andei, uma, duas, três, quatro... mas de repente olhei para os dados e tinha que andar 79 casas????? Continuei. ... cinco, seis, sete, oito... a recompensa no final deve valer a pena... nove, dez, onze...
Cara, estou completamente sem fôlego, achei que podia fazer esse caminho sem chiar, mas meu peito está em frangalhos, chiando feito gato engasgado.
Estou continuando, doze, treze, catorze, quinze... Me lembrei que há 15 dias prometi uma coisa pra mim mesma: " Nunca mais deixar sujeira acumular em casa!" Hahaha! Posso contar mais de 15 coisas fora do lugar. Mas também, com tanta casa pra caminhar... é inútil arrumar uma casa que eu já vou abandonar, tenho muitas casas pela frente. Mas a recompensa é...
Agora eu estou parada, olhando, desconfiada, para os dados que eu mesma lancei. Alguém mexeu, alguém trapaceou... ou eu não percebi o número certo de princípio? Se eu soubesse que era tanto assim talvez eu nem teria... NÃO! Não é isso. Eu vou andar 79 casas para chegar no final.
Parei em qual mesmo??? Que casa é essa? Não é minha, será que no final eu ganho a casa que eu chegar? Nenhuma dessas casas que eu caminho, que eu ajeito, que eu arrumo e desarrumo é minha.
Eu vou continuar, mas hoje eu não entendo as regras desse jogo.
sexta-feira, abril 07, 2006
Da Arte do Comprometimento
Abandonar! Esta palavra é tão comum na minha vida. Em todos os sentidos: abandonar o amigo, o amor, abandonar uma idéia, abandonar ae calma, a paz, abandonar o que está "quase conseguido"...
Quando estive no "templinho" da Monja Coen, percebi o que me faltava na vida: COMPROMETIMENTO. Em primeiro lugar comigo mesma, e depois... bem, depois é o passo seguinte. Encontrei tantas pessoas comprometidas com seus caminhos e comprometidas também em ajudar a trazer o caminho dos outros mais pra perto. Isso me encantou!
Nada de abandono, nada de recaídas egoístas, não neste caminho que começo a enxergar, graças ao comprometimentos de tantos, e agora, do meu também.
leia mais textos sobre minhas reflexões Budistas no ZEN TA BEM!
Quando estive no "templinho" da Monja Coen, percebi o que me faltava na vida: COMPROMETIMENTO. Em primeiro lugar comigo mesma, e depois... bem, depois é o passo seguinte. Encontrei tantas pessoas comprometidas com seus caminhos e comprometidas também em ajudar a trazer o caminho dos outros mais pra perto. Isso me encantou!
Nada de abandono, nada de recaídas egoístas, não neste caminho que começo a enxergar, graças ao comprometimentos de tantos, e agora, do meu também.
leia mais textos sobre minhas reflexões Budistas no ZEN TA BEM!
quinta-feira, abril 06, 2006
Aqui comigo
AGORA COMEÇA:
Vamos em frente
Enfrente a maré subindo até garganta!
E quando não aguentar mais o sufoco, se entregue, não lute contra a água, mergulhe nesse azul acolhedor e ame o som das bolhas. Deixe-se pesar. Se leve até o fundo, flutue nesse imerso de vida.
Pode ficar por aqui comigo, não te deixo sem folêgo. Quando puder a gente respira, mas não agora. Quero te olhar embaçada, entre partículas de Hidrogênio e Sal. Ouvir tua voz sendo distorcida e chegar aos meus ouvidos com os sons dos peixes e entender cada palavra.
E quando for para voltar à superfície, que seja devagar, sentindo a temperatura do corpo acordar e olhando sempre pro alto, quero ver o sol receber você, como nós o recebemos a cada manhã.
Você vai em frente
Enfrentar a maré que sobe até a garganta!
E quando não aguentar mais o sufoco, eu te levo pro mar!
Vamos em frente
Enfrente a maré subindo até garganta!
E quando não aguentar mais o sufoco, se entregue, não lute contra a água, mergulhe nesse azul acolhedor e ame o som das bolhas. Deixe-se pesar. Se leve até o fundo, flutue nesse imerso de vida.
Pode ficar por aqui comigo, não te deixo sem folêgo. Quando puder a gente respira, mas não agora. Quero te olhar embaçada, entre partículas de Hidrogênio e Sal. Ouvir tua voz sendo distorcida e chegar aos meus ouvidos com os sons dos peixes e entender cada palavra.
E quando for para voltar à superfície, que seja devagar, sentindo a temperatura do corpo acordar e olhando sempre pro alto, quero ver o sol receber você, como nós o recebemos a cada manhã.
Você vai em frente
Enfrentar a maré que sobe até a garganta!
E quando não aguentar mais o sufoco, eu te levo pro mar!
Só pra começar a falar de mim
Sou eu mesma, tentando desesperadamente achar um jeito de respirar mais naturalmente. Mas ainda sou só eu mesma, precisando desesperadamente da palmadinha da parteira.
Isso dura até quando?
E quando é que eu aprendo a andar?
E depois, quando eu começo a correr?
Quem me segura se eu cair?
E a fome? Quem me nutre?
E a escola, onde está?
Como é que a casa fica de pé ?
POR QUE É QUE EU NÃO CONSIGO FICAR DE PÉ?
Isso dura até quando?
E quando é que eu aprendo a andar?
E depois, quando eu começo a correr?
Quem me segura se eu cair?
E a fome? Quem me nutre?
E a escola, onde está?
Como é que a casa fica de pé ?
POR QUE É QUE EU NÃO CONSIGO FICAR DE PÉ?
Dobra no Espaço
As idéias ficaram tão gigantescas que poluí o Espaço alheio.
Tomei conta, cheguei chegando. Mergulhei muito fundo... mas não tão fundo quanto eu queria. Faltou espaço pra mim no Espaço Sideral. Por isso voei mais alto, e mergulhei mais fundo e vim parar aqui.
Agora é aqui que espero as Colisões, os Homens de Culhão, os novos Inícios e Meios sem Fim... Os arquivos de Janeiro, Dezembro, Novembro, as Manhãs de Quinta... Tudo estará aqui! E mais...
Mas não esqueço tudo que me compôs até aqui... no outro Espaço eu me limitei, pra quebrar os limites dos seus Espaços estou aqui!
Tomei conta, cheguei chegando. Mergulhei muito fundo... mas não tão fundo quanto eu queria. Faltou espaço pra mim no Espaço Sideral. Por isso voei mais alto, e mergulhei mais fundo e vim parar aqui.
Agora é aqui que espero as Colisões, os Homens de Culhão, os novos Inícios e Meios sem Fim... Os arquivos de Janeiro, Dezembro, Novembro, as Manhãs de Quinta... Tudo estará aqui! E mais...
Mas não esqueço tudo que me compôs até aqui... no outro Espaço eu me limitei, pra quebrar os limites dos seus Espaços estou aqui!
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