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Por Tomi Soetjipto - 16 de Maio de 2006
MONTE MERAPI, Indonésia (Reuters) -
Rios de lava escorriam pelas laterais do místico Monte Merapi nesta terça-feira, mas as nuvens de gás quente no topo da montanha estavam bem menores do que no dia anterior.
No sopé da montanha, considerada sagrada por alguns moradores da Indonésia, milhares de pessoas continuam fazendo tarefas de rotina, como ordenhar e alimentar vacas, apesar das advertências das autoridades sobre o perigo de uma grande erupção em breve.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono, em visita à área ameaçada, exortou as autoridades a manterem os esforços para tirar as pessoas da região em perigo.
Especialistas em vulcões disseram que o Merapi está em sua fase final antes da erupção e temem que a cobertura de lava no topo se rompa e provoque mais nuvens de cinzas, gás e lava. Durante sua última erupção, em 1994, a maioria das 70 mortes foi causada pela queda de cinza quente e de outros materiais depois do colapso da cobertura de lava. Quando isso vai acontecer, e se vai acontecer dessa vez, não é possível prever.
Em 1994, as nuvens atingiram 6 quilômetros antes de uma chuva de material letal. O vulcão matou 1.300 pessoas em 1930.
O alerta na região do vulcão foi elevado para o nível máximo no sábado, conhecido como código vermelho, e Yudhono disse que 16.000 pessoas foram retiradas da região. Mas muita gente reluta em abandonar as casas e as propriedades.
"Hoje só tem uma nuvem pequena, então está tudo bem. Não estou com medo", disse Lestari, de 36 anos, ao surgir de dentro de uma área proibida com uma foice na mão. Ela disse que tinha levantado às quatro da manhã para cortar capim para alimentar suas vacas.
O que faz uma pessoa acreditar que poderá desafiar uma montanha em chamas?
Que fé é essa?
Ou melhor Fé em Que?
terça-feira, maio 16, 2006
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18 comentários:
Li, para mim, fé está diretamnete relacionada a esperança, e são forças que nos rege e que nada e ninguém pode tirar. nada acontece por acaso, como já diria a velha frase, venho tentando econtar resposta para oq ue está acontecendo comigo. A única resposta que tenho é que, para tudo há uma razão.
Eu fico imaginando esta mulher que acordou, olhou pra cima, viu uma nuvenzinha, que ela sabe ser do vulcão, dá uma bufadinha e vai ordenhar suas vacas, capinar...
Então ela tem esperança de que a fumacinha pare, mesmo as autoridades no assunto dizendo que a fumacinha é só o prenúncio da erupção? Há uma ordem restrita para o abandono do local, mas nada é feito, e ela prefere ficar, aparentemente sem o menor temor. Acredito que há uma informação a mais aí, esse Monte é considerado Sagrado na ilha. Será que tb estamos lidando com algo do tipo: "Se a montanha decidir que meu destino é morrer então morrerei."?
Cara Senhora Rocha, acho que vou fazer alguns comentáios bem céticos, mas vamos lá:
- faltam informações para comentar o fato, principalmente em relação a fé. Sagrado é uma palvra muito vaga e não nos dá a real idéia da relação da comunidade com a montanha.
- é uma questão de fé? pode ser que lugar para onde podem remover os moradores, não seja uma opção satisfatória para eles. Claro que diante de tal perigo qualquer lugar deveria aparecer o paraiso porem as pessoasnem sempre agem com o pragmatismo necessário.
- mesmo correndo o risco de pecar - acho que não é o caso - faria de tudo para garantir a segurança dos moradores do lugar (sim pecar é a palavra correta)
Provavelmente a mesma fé que faz grupos indonésios explodirem turistas em boates, qualquer que seja.
O que me intriga é essa parte:
"No sopé da montanha, considerada sagrada por alguns moradores da Indonésia, milhares de pessoas continuam fazendo tarefas de rotina, como ordenhar e alimentar vacas, apesar das advertências das autoridades sobre o perigo de uma grande erupção em breve."
Há um "que" de desdém à força do vulcão? OU uma resignação e aceitação para uma realidade invariável?
acabo de ler que o santa helena, nos EUA, está a um passo de explodir novamente, também.
desde sua última erupção, em 80, ele não sossegou, mantendo-se quente, soltando fumaça e pequenos fios de lava. Quando explodiu, a evacuação humana foi quase total, mas mais de 24000 grandes animais foram mortos então. a maioria, introduzidos como vacas e outros. os da mata já haviam fugido.
a única vítima humana dentre os habitantes (alguns pesquisadores e vulcanólogos morreram) foi um velho fzendeiro que se negou a sair de sua terra, dizendo que se convivera com ele tanto tempo sem nunca ter havida uma explosão, não poderia sair de lá agora, se sua terra resolvera desistir daquela vida. ele desistiria com ela.
coincidência? ele esperava uma avalanche?
hoje, uma crista de pedra que cresce 1,5 metros ao dia, igual a uma barbatana de tubarão, está subindo no topo do santa Helena. nada tão grande sobe tão rápido sem sustentação.
Talvez não seja fé que mantém pessoas lá. seja uma estranha e inexplicável participação daquilo que os cerca, uma integração com o mundo que não veio da mente, mas de outro lugar.
quem sabe, do coração da ��re thinking. There is one more obvious difference between me and everyone else on the list I just mention
acabo de ler que o santa helena, nos EUA, está a um passo de explodir novamente, também.
desde sua última erupção, em 80, ele não sossegou, mantendo-se quente, soltando fumaça e pequenos fios de lava. Quando explodiu, a evacuação humana foi quase total, mas mais de 24000 grandes animais foram mortos então. a maioria, introduzidos como vacas e outros. os da mata já haviam fugido.
a única vítima humana dentre os habitantes (alguns pesquisadores e vulcanólogos morreram) foi um velho fzendeiro que se negou a sair de sua terra, dizendo que se convivera com ele tanto tempo sem nunca ter havida uma explosão, não poderia sair de lá agora, se sua terra resolvera desistir daquela vida. ele desistiria com ela.
coincidência? ele esperava uma avalanche?
hoje, uma crista de pedra que cresce 1,5 metros ao dia, igual a uma barbatana de tubarão, está subindo no topo do santa Helena. nada tão grande sobe tão rápido sem sustentação.
Talvez não seja fé que mantém pessoas lá. seja uma estranha e inexplicável participação daquilo que os cerca, uma integração com o mundo que não veio da mente, mas de outro lugar.
quem sabe, do coração da Terra?
Avarih, me passa o link para esse fato do velhinho. Vc sabe o que isso é importante para a construção da minha peça, não é!
Minha primeira impressão, depois da leitura é que existe sim uma participação das pessoas no meio em que vivem. Não seria falta de perspectivas, ou respeito à mística do sagrado. Aquelas pessoas são parte da montanha, vivem do solo feritilizado por aquele terreno instável. Se o vulcão se zanga e põe fim a vida de todos, é porque chegou a hora.
É isso mesmo, destino.
Mas o que há de estranho nesse comportamento? Não construímos todos nossas vidas em terrenos instáveis? Não pretendemos viver uma ética que respeite nosso pequeno cosmo (família, trabalho, amor...)? E se tudo dá sinal de que vai ruir, quantos de nós foge e começa do zero sem ao menos cultivar seu pedaço de chão até o último segundo? Claro, alguns o fazem, mas carregam pela vida a dúvida se abandonaram a casa no momento certo.
Se o destino é amar até secar, faça-se. Se for reiniciar, em outra vida, que seja. Mas até essa outra vida pressupõe uma morte/transformação.
A única certeza da vida é que ela acaba. Tudo acaba. A questão é escolher se o fim será parte de um grande plano, ou só um esquecimento do foi vida.
O comentário anterior é de Márcia Nestardo.
Como escrevi, acho que a materia não aborda de maneira profunda o suficiente para podemos dizer " é isso" ou "aquilo", mas se vamos ficar no campo das suposições a minha chega perto das elocubrações de Nestardo. Creio que a teimosia em ficar lá está fortemente relacionada a todo um modo de vida construida naquele espaço. não descarto a fé que aí está contida.
Já que esta "que faz grupos indonésios explodirem turistas em boates" , move Zilda Arms e a pastoral da criança a lutar pelo bem estar do menor no Brasil e leva cientistas da USP a realizar projetos de pesquisa de proteses intergradas ao desenvolmento de comunidades carentes no Nordeste, faz do pais ela tam bem pode ajudar a um monte de gente a enfrentar um vulcão.
Fé é diferente de auto-engano, embora o segundo se passe facilmente pela primeira. É muito bonita e poética a idéia de uma pessoa "resistindo" a um vulcão, mas me parece mais provável que essa resistência decorra da impossibilidade de assimilar a idéia de que algo que você considera sagrado vai matar você queimado. Assim como as bombas destroçam os corpos dos mártires, mas certamente não os levam pro paraíso no processo, independente do que eles prefiram acreditar em função de sua imagem do sagrado.
Olha, Alissandra, eu acredito que se permanecem em um ambiente tão inóspito a nossos olhos é porque não é tão inóspito aos seus olhos... Eles têm um comportamento atávico, mas é justamente porque estão acostumados, aquilo é mesmo somente uma nuvenzinha, quantas vezes ela não deve ter visto isso na vida dela? Se eu morasse nesse lugar tenho certeza de que faria o mesmo, esperar o último momento, o mais cruel, de onde não se pode fugir, ou melhor, a única saída é fugir... Para depois voltar, com certeza, lá é o lar dessa gente... Não acho que tenha a ver com fé ou destino, é mais uma característica, são hábitos ancestrais, inexplicável para pessoas racionais como nós, mas a questão é justamente esta, não entra a razão, o que voga é o amor pela terra e pelo vulcão, que ao mesmo tempo queima e transforma,
destrói e fertiliza... Espero ter ajudado, um grande beijo de cacau.
"mas me parece mais provável que essa resistência decorra da impossibilidade de assimilar a idéia de que algo que você considera sagrado vai matar você queimado"
Pegando esse gancho que o Fernando trouxe, acho que chegue mais próximo do que penso tb.
Então o inverso tb é real? Se por ventura o vulcão vier a destruir a cidade, foi por desígnio do sagrado, digamos, por razões divínas, que os homens dalí devam aceitar como fatalismo, (no sentido grego da palavra)como algo inevitável, fora do controle dos homens?
ALGUNS ESCLARECIMENTOS
Como acho que meu ultimo comentário ficou confuso, é melhor que formule melhor algumas posições. Quando escrevi"enfrentar um vulcão", não pretendi afirmar que com sua fé as pessoas do vilarejo consegueriam mover montanhas ou melhor a lava, mas sim, que enfrentariam essa situação da melhor maneira possivel, seja reconstruindo suas vidas em algum outro lugar, ou apenas aceitando o inevitável
É MUITO DIFÍCIL DE ABANDONAR, SIMPLESMENTE, O LOCAL ONDE NASCEMOS. ESSAS PESSOAS TEM UMA VIDA LÁ, AO PÉ DA MONTANHA, QUE PRA ELES PODE SER ATÉ SAGRADA, O DEUS DA POPULAÇÃO LOCAL QUE FARÁ MILAGRES ACONTECEREM E QUE ELAS NÃO TERAM NENHUM TIPO DE DANOS!
POR MAIS QUE AS AUTORIDADES SE ESFORCEM EM TIRÁ-LOS DE LÁ CREIO QUE NÃO SERÁ TÃO FÁCIL O QUANTO IMAGINAM.
O MAIS INPRESSIONANTE DISSO É QUE ELES CONTINUAM VIVENDO UM VIDA NORMAL, COMO SE NADA ESTIVESSE, DE FATO, ACONTECENDO "...ALIMENTANDO AS VAQUINHAS..." SERIA CÔMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO E QUANDO ELES DEREM CONTA DE QUE O DEUS QUE ESPERAM TANTO NÃO OS OUVIU, PODERÁ SER TARDE DEMAIS! OREMOS POR TODOS OS DE NÃO CONSCIÊNCIA PLANA! AMÉM!
CHEGO ATRASADO, MAS DEIXO MEU NÓ.
Fé e idéia fixa são quase que sinonimos, ou pelo menos são separadas por tenues barreiras que as vezes se confundem - que o diga Joana D'Arc.
A fé cega leva também a uma resignação cega em minha opinião. Talvez aceitar o desejo de "algo considerado divino" seja o termo mais adequado, pois pelo relato não vejo o desejo de "enfretamento".É mais resignação, aceitação do destino traçado pelo ser superior, no caso o vulcão. Ou seja, pra mim dois ingredientes são fundamentais para tal atitude, a "fé/idéia fixa" e a "resignação" advinda talvez da impossibilidade, ou vontade de viver uma nova realidade que não aquela convencionada.
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