terça-feira, março 23, 2010

Cigarette Countdown #11




Eu me queimei com meu próprio fogo.

De joelhos, na cama, as duas esperando. Como se a partir dali, faltasse pouco pro mundo acabar. Eu olhei para os seus olhos quase fechados, minha mão foi atraída pra sua cintura. Você fechou mais ainda os olhos. A minha boca chegou no seu ombro, e seus cabelos formaram uma barreira entre meus lábios e sua pele. Subi então para seu pescoço, e tomei de assalto a curva do seu rosto. Cheguei na sua orelha e sem dominar mais meu próprio raciocínio, fiz confissões irracionais, inconcebíveis, inconsequentes em seu ouvido. Você tremeu, me pediu mais e quis que eu repetisse, e eu me assustei com minha sinceridade.
Você se afasta e me questiona: Você quer falar de paixão? É isso que está sentindo nesse momento?
Eu sinto tanto, e sinto tudo, tanto. Eu fervo por dentro, eu transbordo e molho por dentro. Você me abraça, de joelhos mesmo, com se fossemos crianças com medo da tempestade, perdidas no meio de tanto o que sentir. Eu crio coragem pra te dizer de novo, e mais uma vez, e quantas vezes você quiser: Sim vamos falar de paixão! Deixa eu tocar em você e te mostrar o quanto eu ardo nesse vermelho do seu sangue.

Me acende um cigarro, por favor.
Sim, você faz.
Me incendeia a noite.
Sim, seus olhos fazem.
Me aperta entre seus dedos.
Sim, suas unhas gritam.

Trago o cigarro mais quente da noite. Te deito, te subo, te alcanço no máximo da minha força. Te forço entre tudo que eu tenho pra te dar e a cabeceira da cama. Você arranca o insignificante tecido do meu corpo, minha roupa-pele queimada. Você me refresca com seus lábios em meus seios, em minha barriga, em minha cintura.

Mais um trago, mais um pouco de mim exalado no ar do quarto, mais pele voando entre fumaça. Você arranca o cigarro dos meus dedos, diz roucamente que agora não é hora, e atira o que nos distrai contra parede. Silêncio de respiração ofegante. Mais nuas do que estamos agora seria impossível. Nos olhamos em admiração. Nos queremos. Nos podemos. Nos apaixonamos. E imaginamos todos os cigarros que ainda queimarão no canto do quarto, sem a nossa atenção. E nos sorrimos.

FIM DO DÉCIMO PRIMEIRO CIGARRO







2 comentários:

Claudio Rosa disse...

Precisa ter uma ótima idéia, uma boa preparação, também da complicação, do clímax e de um grand finale. Ansioso pelo 20° cigarro

Elen disse...

Que perfeita mistura de paixão, atração, carinho e desejo...
Maravilhoso como sempre *---*


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