sexta-feira, abril 28, 2006

De quem não se tem

Eu queria
Eu juro que eu queria
de um querer que dói
E choro a perda
Por nada ganho

Eu sabia
E jurei que não sabia
de um saber que cega
Negação de tudo que eu vi
Por nada vivido

Sem tirar o corpo fora
Fora todo o copo entornado
Eu já sabia
Era o meu leite estancado
num corpo adormecido
Era o seu sangue fervendo
no último copo da noite
Dói e cega

Jurei que eu não sabia
Mas eu quero
Eu juro que eu quero

Um comentário:

Claudio Rosa disse...

Dói tão doídamente.
É uma dor sentida no fundo do corpo que vem apertando o peito, o torax, parece querer sair e gritar em estrondoso choro.
Vozes confusas de uma língua incompreenssível.

Remoendo o tormento, ultraja meu corpo
E expressa-se em gotas de sangue.
Sangue sujo.

De repente a satisfação,
Do que nunca terei.
A aceitação do trabalho que seria mais bem feito.
Da certeza do que fiz estava certo.

Mais um passo.
Só mais um, e outro.
Não era assim que tinha que ser?

Me pregam,
Em mim.
Não era assim que tinha que ser.


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